Comunique-se, sempre com a voz baixa. Não precisa fazer estrago que o ponto G não existe. Não insista. A ilusão alimenta, mas é por pouco. Como comer macarrão, é bom na hora, mas a fome vem correndo. Se puder, abuse do açúcar. Como ópio. Abuse mesmo, agrade seu cérebro, ele merece. Enquanto estiver vivo pense uma vez mais. Uma idéia não encerra a vida. Também não pense que terás outra chance. O tiro vem de qualquer lugar e ninguém vai te avisar. Eu já disse: cuidado!
sábado, 30 de agosto de 2008
S U A V E
Comunique-se, sempre com a voz baixa. Não precisa fazer estrago que o ponto G não existe. Não insista. A ilusão alimenta, mas é por pouco. Como comer macarrão, é bom na hora, mas a fome vem correndo. Se puder, abuse do açúcar. Como ópio. Abuse mesmo, agrade seu cérebro, ele merece. Enquanto estiver vivo pense uma vez mais. Uma idéia não encerra a vida. Também não pense que terás outra chance. O tiro vem de qualquer lugar e ninguém vai te avisar. Eu já disse: cuidado!
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Sem sacrifício
Eu, eu, eu. Coisa chata, eu. E como telefone sempre toca na hora errada, atendo com descaso. Já disse que não faço mais sacrifícios. Só o que me vem com prazer. Eles se oferecem pra vir me buscar. Aceito. Me arrumo até sem sacrifício. Eles chegam de pernas duras e olham curiosos. Eu tenho as pernas moles de quem sabe o que põe pra dentro da cabeça e assopra pra fora.
Estão todos na minha casa de tijolos. Todos. E a curiosidade mostra sorrisos. Eu aprecio sorrisos. Mas não faço mais sacrifícios, pois agora me sinto bem.
Vamos ao teatro e depois a um bar. Mas eles não se levantam do sofá. Conversamos conversas tolas de falar rolando. Tudo curiosidade. E eu falo até onde não é sacrifício. Fico com vontade de já ir. Planos são feitos para serem colocados em prática. Quero ser platéia. Vamos gente. No carro:
- Mas você está bem mesmo?
- E por que não estaria?
- Ah, seja honesta vai! Não está com saudade dele?
- Estamos preocupados, seja sincera.
Não! A curiosidade queria o mal. E eu não faço sacrifícios. Acho que a modernidade não combina com sacrifício. A vida hoje é só pra ser feliz.
Abro a porta do carro. Sem raiva, rancor ou ódio. Sem curiosidade, interesse ou respeito. Pronto, agora está acertado: eles querem saber de mim e estão curiosos pela parte ruim. Eu, que não faço sacrifícios, vou embora. No caminho de casa o chão me ilumina. Sinto-me forte por não fazer sacrifícios. Certo orgulho. Eu, eu, eu! Sempre eu, argh!
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Cracked
domingo, 24 de agosto de 2008
Sem pontuação
Não vou mais para país algum, o transporte de idéias anda ruim. Para ir teria que parar de pensar e dormir mais. Não durmo, devo ficar por aqui mesmo, sentada ao lado do cachorro que não passeia porque não pode sair sozinho. Errado essa coisa de cachorro não passear sozinho e precisar de coleira. Coitado do pobre, não goza de liberdade alguma. O cigarro anda apagando muito rapidamente e eu quase não tenho tempo de fumar. Tenho medo de ir a lugares que tenho que ir amanhã. Preferia não ter que ir a lugar algum e ficar aqui, como o cachorro e com ele. Quem sabe assim o cigarro demoraria mais para apagar e eu teria mais tempo para fumar. Assim como tomo água toda hora, água é bom pra mim e eu não sei mais o que dizer às pessoas. Cada hora é uma idéia, cada hora é uma coisa. Qual é a bola da próxima vez? Eu nem sei mais se continuo chutando com a mão trêmula de qualquer lado que eu olhe. Ontem tinha um menino sentado no muro ao lado da minha casa. Ele vestia shorts, nem preciso dizer curtos, já disse em inglês. Eu pensei em ir falar com ele. Mas se ao menos eu tivesse uma pipa, quem sabe conseguiria conversar com ele. Mas, sem pipa. Eu estava sem pipa e estava só ouvindo o começo de uma música. Adoro quando as músicas começam. Ainda mais quando não sei quais vão tocar. O começo de toda música é bonito. É uma surpresa boa ao ouvido. E esqueci do menino no muro ao lado. Assim como esqueço de todos os meninos e não me apego a muros. Tudo isso porque não dá tempo. Tenho feito as coisas sentadas. E sentada cansa a coluna e deitada cansa também e de pé não dá pra escrever. Falar não vale. Escrever é que vale. Acender o cigarro devagarzinho, queimando as beiradas e depois deixando-se queimar. Assim como fazem comigo. Deixam-me queimar. E eu fico inventando músicas pra chorar, achando que choros encerram sentimentos. Não encerram nada. Na ilusão de poder esqueço que não escolho a hora das coisas. Elas acontecem sozinhas e fico olhando a careca do homem que passa na rua. Pensando que ele ou eu, naquele momento, poderíamos morrer atropelados e ai seria uma bagunça na família dele ou na minha. Ambulâncias com sirenes tocando me fazem chorar quando passam. É a coisa da música de que estava falando. Esses dias sonhei com o espírito da salvação. Na verdade foi um pesadelo horroroso. Não sei por que ele se chamava salvação. Vai ver no sonho me dei conta de que salvação é o fim de tudo. E nem dicionário de etimologia isso precisa. Salvação é o final. E o espírito estava na portaria, me esperando sair. No sonho eu consegui escapar. E agora tenho certeza de que me deram o remédio errado, porque nem dormir eu consigo. Vou tomando água e pensando. Pensando e tomando água, como se não precisasse fazer sentido algum.
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
Antídoto
Me queimo na frente da tela do computador e da televisão. É como um grande forno para ser humanos. E pros fumantes com bônus. Frita meus neurônios, grelha minha vista, assa os meus dedos. Hipnotização fantasmagórica. Um ente separado do conhecido me abduz. É um filme que cansa a vista e com legendas. O antídoto?Assistir filme brasileiro e me sentir em casa. Chega de saudade!
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Amor assim, tem fim!
Dois dias mais sem suas ligações e o telefone estava funcionando. E a dor da minha espera era como roda fina de bicicleta que tem a sorte do equilíbrio; deixa marca tênue no chão; a roda fina da bicicleta. E assim era minha dor: rodante.
Estrangeira, a vontade que senti de falar com você, vinda de fora, lugar longe, sem condições de estadia. A vontade estrangeira não agüentaria ser boi em terra de vacas e se deportaria por vontade de voltar para casa. A vontade iria ceder à saudade de casa. Estrangeira, adjetivo que vontade não quer e joga fora.
Mesmo que eu ouvisse suas palavras tão suaves, com respeito, diria, até profissional pela minha vontade, de nada adiantaria. O amor é história que precisa de cenário, tempo, figurino e iluminação. Tratamento de som e de cor. Edição, cortes, revisão e lançamento. Somos apenas dois personagens perdidos num camarim roubado, com água em copo plástico. E fazer amor assim, tem fim.
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Inscrições de Phortas de Banheiros I
Ela imaginou que uma tequila podia fazer um bem danado numa situação assim. O poder do álcool é uma coisa maravilhosa, opera milagres que nenhuma ciência explica ou explica, mas esquece de dizer que é milagre e dá outro nome.
O rosto dela agora era mais curioso, mas criativo. Conseguia olhar para as pessoas à sua volta e fazer caras para elas. Conseguia fazer a cara sexy, a cara cansada, a cara noturna, a cara quero te conhecer, a cara gosto de você, a cara sua roupa é brega e outras. As três tequilas chegaram e bammmmmmmm. Bateu mais três. Na virada do último copo a música ficou mais alta do que nunca. Estava insuportavelmente alta. Ela tinha que sair dali, sentia que se ficasse mais alguns minutos alguma coisa ainda pior do que explodir os tímpanos iria acontecer. Pegou a bolsa, deu um beijo no amigo e subiu as escadas trançando as pernas.
Apesar das idas e vindas, a moça é decidida. Menina de força e coragem, de ouvidos e paixão, de olhos e mãos capazes de loucuras. Sentou-se numa mesa que não era a do amigo. Olhou para um homem, trintão, como ela, que sentava sozinho e perguntou: “Você está acompanhado?”. Ele respondeu que não e pediu mais tequilas para eles. Ela deu para ele a cara “quero você” e começaram num papo etílico que só os dois e a música poderiam ouvir. “Eu não estou gostando do volume dessa música, não estou gostando desse bar e já tentei ir embora duas vezes. Aquele amigo ali ó me segurou a primeira vez e da segunda eu sai e voltei e sentei aqui com você. E você?” “Estou curtindo a música, adoro esse bar e não tentei ir embora nenhuma vez, porque se tentasse não voltaria. Mas tive um dia do cão, uma semana desgraçada e estou louco para me divertir. É por isso que estou tomando essas tequilas com você”. “Ótimo, então vamos tomar mais”, ela disse virando mais um par de copinhos do líquido amarelo que a levaria ao céu e ao inferno.
“Preciso ir ao banheiro”, disse a ele. Mas foi quando se levantou que percebeu o quanto estava bêbada, o quanto de tequila já tinha posto no corpo que queria sexo, queria ir embora e no corpo que não agüentava mais a música. Com os olhos o chamou para ir junto, e ele sorrindo um sorriso malicioso pegou sua mão e foi.
Sentada sozinha na privada de um bar lotado e escuro, com uma musica alta e estridente, e com pessoas vaiando a furada de fila que ela dera, começou a chorar copiosamente pela mensagem.
“Quem é Pedro? Esse Pedro é incrível, que sorte tem a Sabrina. Como “sem ele ela não quer”? Não quer o que? É incrível não querer sem alguém. Eu quero sem ninguém mesmo”.
Subiu as calças com dificuldade, o jeans grudava no corpo que queria, mesmo sem alguém. Era como se depois de se dar conta dessa capacidade de amor seu corpo tivesse descabido. Inchado ou encolhido. Estava diferente. O sexo no banheiro, que antes era tão divertido, agora perdera o sentido. Abriu a porta para encarar muitas caras feias e um espelho que a dizia estar bêbada e chorando.
Sua cabeça parecia estar mais redonda depois de saber que poderia haver um Pedro por aí e que tinha sentado para fazer xixi exatamente na mesma privada que uma Sabrina que não podia viver sem ele sentara em 25 de março de 2007.
Não sabia onde estava a bolsa, não dava para retocar a maquiagem e ela também não fazia questão nenhuma de sair do banheiro mais bonita do que entrara. Naquele momento se perguntava por que em nenhum ponto da sua vida tinha entrado no banheiro, com uma caneta BIC em riste para dizer à porta de madeira que "sem ele não". Sentiu raiva de quem consegue fazer isso.
Saiu com a cara “não acredito no que acabei de ver” e logo achou o rapaz com quem tinha acabado de fazer o sexo casual muito normal. Ele segurava a bolsa e disse “Achei melhor ficarmos de pé, assim podemos dançar e beber mais”. Ela quase morreu ao ver que a mesa que estavam sentados agora era ocupada por outras pessoas. Ela tinha certeza de que não conseguir ficar de pé pelo resto da noite. Olhou bem para a cara dele e disse “Você é um porra de um imbecil. Como é que entrega a mesa para outra pessoa. Tá louco? Acha que eu tenho condições de ficar de pé o resto da noite?”. Ele com certeza se espantou com tanta agressividade, o que teria acontecido com a moça no banheiro logo depois de um sexo assim, tão anos 80 com novo endereço? “Quer saber: louca é você e vai-te à merda”. Jogou a bolsa nas mãos dela e saiu do bar. Ela ficou olhando as costas do rapaz, dizendo um adeus baixinho para alguém que poderia ser uma boa companhia para continuar bebendo ou até mesmo o seu PEDRO.
No balcão do bar, chamou o barman e disse “Eu quero um Pedro”. “Não conheço nenhuma bebida com esse nome”. “Inventa então, põe tudo o que você quiser aí e batiza a bebida de Pedro’”. Um bom barman diz o que? “Ok”. E fez a mistura que queria, com as bebidas que imaginou parecerem com Pedro.
Ele fez outra bebida. Ela agarrou o copo e começou a lamber o vidro que ainda suava o gelo. Massageava o copo longo dizendo bem perto: “Pedro, sou pra você assim como você é para mim”. Mais algumas frases e o copo já estava vazio. O barman, com cara de barman, pensou uma vez o que deveria pensar milhões em noites como aquelas: “Essa é louca mesmo”.
Depois de mais três Pedros e da música que agora já não era tão alta ela decidiu ir embora para casa. Dirigir seria impossível, mas iria tentar. Subiu as escadas, com a bolsa numa mão e a chave do carro na outra. Sabia que não deveria dirigir, sabia que seria a pior escolha para aquela noite, mas não resistiria.
Queria Pedro, queria ser alguém para o Pedro, queria que o Pedro fosse alguém para ela, queria querer um Pedro do tanto que se quer Pedros. Abriu a porta do carro inconformada de não querer ser por alguém. De estar bem por ser por ela mesma. Aquilo doía fundo, machucava o peito, chegava à alma mesmo. Era uma dor tão grande que ela começou a sentir o braço formigar. Mas já não podia dizer se era o Pedro ou o álcool. Opa, os dois, em algum momento da noite foram a mesma coisa.
Enquanto abria a porta do carro, cantava alto e bêbada, “Eu quero um Pedro, eu preciso de um Pedro, eu quero querer um Pedro. Pedroooooooooooooo meu, cadê você, abaixa a música e vem aqui Pedro, eu sou pra você, sem você não quero, Pedro”. Alguma amiga lhe dissera há uns dias atrás que era romântica, que queria ser par. Ela rira no dia. Mas agora, com a possibilidade de Pedro, também queria ser par. Para sempre par com Pedro.
“Eu quero um Pedro para amar, eu quero ser par, eu quero chegar em casa e me desesperar se Pedro não estiver lá. Eu quero morrer de saudade de um Pedro, eu quero que meu estômago aperte ao ver o Pedro. Eu quero chorar pelo Pedro, quero morrer se for preciso, pelo Pedro”.
E cantando o Pedro assim dirigiu da Barra Funda ao Jardins, onde ainda lembrava-se morar. Entrou na garagem no prédio e estacionou como podia. Desceu correndo, entrou no elevador rezando para o nono andar chegar e ela poder vomitar todos os Pedros e tequilas que tomara.
Seu corpo foi gelando, ela tremia o tremor dos sem-Pedro. Pensou em ligar para a mãe, para a polícia, mas antes de criar esse caso todo precisava se certificar de que casa tinha sido mesmo invadida. Podia ter esquecido a luz acesa. A cafeteira ligada. Estava bêbada e a música tinha estado alta noite toda, não tinha como ter certeza. Entrou no quarto e a cama estava desarrumada. Mas poderia ter deixado assim, o que era comum. As pernas tremiam, o coração disparara tanto que a bebedeira tinha passado. Sentou-se na cama e pensou na quantidade de medo que estava sentindo. Estava apavorada. Apavorada. E se fosse um fantasma?
Às vezes tinha medo de fantasma. Não que acreditasse que eles existiam. Mas tinha medo. Jogou o corpo pra trás e quase relaxou, quando ouviu o barulho da chave entrando na fechadura da porta da frente. Ali o medo atingiu um ponto de o sangue gelar, da cabeça parecer inchar, os braços estavam inaptos para o movimento, as pernas até doíam de tão bambas que estavam e o coração estava barulhento. “Quem pode ser? Vou ter que chamar a polícia”. Ouviu os passos entrando pela sala, colocando qualquer coisa na pia da cozinha e se aproximando do quarto, onde ela estava. Um passo mais perto e ela pensou que fosse morrer, agora não com os ouvidos explodindo, mas com o coração. Mais um passo e ela começou a chorar. E é em horas de medos extremos que decidimos reagir. “Quem está entrando?”. Para sua surpresa, veio a resposta: “Sou eu o Pedro, saí pra comprar açúcar para o café, você deve estar precisando”. “Estou mesmo precisando, Pedro”. Ela respondeu. Bêbada e definitivamente precisando de açúcar.
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Hoje
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Me´s - Eus
sábado, 9 de agosto de 2008
Então choro
Então choro.
Choro primeiro por dentro, daquele jeito que dói a testa, o nariz, arde a garganta e os olhos parecem ter areia, que não é da praia.
Estalo os dedos, tento me controlar e por vezes até ofender, para o choro não virar verdade.
Mas vira.
Pára a ardência e as lágrimas saem.
Escoam pelos olhos de quem vê.
Escoam lágrimas do meu mar de não saber.
Escoam misérias de não traduzir sentir.
Quisera eu saber dizer as lágrimas para não ter que chorá-las. Quisera eu!
Choro longa. Verbo que invento porque posso, porque choro, porque lágrima minha.
Já disse aqui uma vez que minhas lágrimas são longas.
Esqueci de contar que não as enxugo.
Não paro o riso no meio, não posso interromper o choro.
Uma lágrima tem o direito de percorrer seu curso, que também não é de rio, mas desagua.
Não uso lencinho que vem da prateleira que traz o cheiro do fim.
O salgado da boca me consola como abraço de mãe.
Caminho percorrido que me inspira ir para o próximo capítulo.
Foto by Baalthorn- deviantart
sábado, 2 de agosto de 2008
ESTOU DE MUDANÇA
Publiquei esse texto no meu outro blog http://www.essepapo.nafoto.net/ há uns meses atrás. Mas trago ele pra cá! Não sei porque, acho que o lugar dele é aqui.