segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

E eu me desliguei daquilo. Sabendo que bastaria pensar que aquilo não era mais meu. Dissocia-lo de todo resto que tinha como meu. Me desliguei como chocolate que comprei para mim, mas que com a barriga cheia resolvi dar para alguém. E alguém aceita, mas deixa guardado para comer depois. Pois é assim, guardamos chocolates para comer depois. Assim adiamos o doce. E eu me desliguei daquilo para ficar sem sentir nada. Nada de estranho. Coisa pequena, dessas que ocupa pouco espaço na mente e rende várias linhas. Linhas das quais eu já tinha me despedido. Linhas de fumaça que parecem que eu não vejo. São batidas no teclado que imploram que a chuva volte. E eu continuo a repetir palavras, principalmente agora que elas me são parcas. Palavras que me faltam. Vocês me fazem falta. E lá fora chove como nunca choveu antes. Pelo menos eu não vi. As pessoas correm, os carros alagam e eu me desliguei do chocolate que está na geladeira, como quem se desliga de uma pessoa. Foi nesse tom. Sem música. Assim, frases pequenas eu tenho.