sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010



O fundo da garrafa não faz sombra, faz? Fico pensando no fundo. No fundo das coisas, no fundo do coração, no fundo do poço, no fundo da terra, no fundo do mar. E a minha vontade é de me movimentar, nem que seja para o fundo. Saber as coisas a fundo, pensar pensamentos a fundo. Olhar a pessoa no fundo dos olhos e tentar descobrir o que ela fará comigo caso lhe mostre o fundo do meu coração. Mas assim já estou querendo prever o futuro. O fundo é um lugar e pronto. Quero mais que espaço, quero o imaterial que as vezes pesa à mão. Conhece? O imaterial que toca o coração com o dedo. Imaterial com dedo. Isso mesmo. Quero o que não pode, quero fazer uma faxina na minha alma com a vassoura, rodo e pano de chão. Quero ir ao supermercado e comprar desinfetante para minha mente e limpa-la. Entende agora o material-imaterial? Quero ultrapassar a barreira do tempo e fazer a vida ser feliz. Será isso possível ou sou só uma lunática cheia de querências?
Costumava escrever coisas legais, até o dia em que comecei a me apegar ao material e ter medo do imaterial. Assim quase esquecendo que a vida é hoje. Mas são dores que doem como tapas. São murros que levo mesmo estando sozinha. E a roda gira, o carro anda, o tempo passa, chove, eu acho um cabelo branco e penso que não plantei minha árvore. Mas guardo a semente em casa para a hora certa de plantá-la.