Às vezes morro. Só um pouqinho, mas morro. Morro de sono e não durmo. Morro de fome e não durmo. Não durmo porque me dói morrer. O morrer consciente é daquele tipo de dor que desespera. Aquela dor que grita, berra, urra. E eu morro às vezes. Morro de dor. E a dor não tem depois. Dor é sempre agora, doer muito. Dor é certeza de que não vai passar. Dor é cor viva, é cor que escorre, que esbanja sangue,esbanja eu. Dor me desperdiça. E eu morro ás vezes. Morro de verdade. Não vou a lugar algum, porque morrer me deixa parada. Morrer me é pó. Sem gramática, morrer me é pó. Morro de fogo que destrói. Morro de água que afoga. Morro sem ar. Morro sem respirar e sem tocar. Morro. Às vezes.
quinta-feira, 10 de julho de 2008
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15 comentários:
"...E eu morro às vezes. Morro de verdade..."
A gente morre mesmo, cada dia, um pouquinho. Mas quando a dor passa, o luto se vai, a gente começa a nascer de novo. Cada dia um pouquinho mais.
Nossa, que coisa mais profunda isso. Adorei cada linha que vc escreveu (tá ficando repetitivo isso). Lindo demais!!!
Parabéns querida!
Beijo grande...Já estava com saudades...
Um morrer doído, que às vezes nos consome. E como a fênix,renascemos no dia seguinte, das cinzas... doloridas.
Um morrer doído, que às vezes nos consome. E como a fênix,renascemos no dia seguinte, das cinzas... doloridas.
E apesar de tantas mortes, cá estamos nós, vivos. Talvez porque a morte consciente realmente doa, mas seja a única que permite o renascimento em vida...
Bjo!
sabe que, enquanto morremos, estamos fazendo parte da roda viva. esse círculo vicioso que é, sem dúvida nenhuma, sem sentido algum. nascemos, vivemos, morremos, outros fazem a mesma coisa, e no fim, todos fazemos o mesmo. viciosamente. presos numa cadeia de vínculos, ciclos, eras, amores, dores, queixas.
E renasce... e faz renascer sentimentos e reflexões dentro de cada um que deixar os olhos percorrendo as tuas letras!
Morra, às vezes. Mas só as vezes... porque aí existe uma sensação de que esse eu tão belo aí em você, tal qual uma phoenix, estará sempre de volta e renovada!
Beijos
Gostei do texto: forte quando a dor te desperdiça; mas esperançoso, na medida em que isso só acontece às vezes.
Assim, peço por ti da mesma forma que peço por mim: que essas vezes não sejam mais freqüentes que o necessário.
Beijo.
P.s:Fiquei com aquela frase do Pessoa na cabeça, a do texto anterior...possibilidades e realização efetiva.
...Camilla minha linda, às vezes deixo-me morrer um pouquinho, só para ter o gostinho de sentir-me viva...outras vezes busco viver mais intensamente, procurando na ilusão, a sensação de ludibriar a morte...posto que vida e morte fazem parte do mesmo contexto, penso que de nada adianta conjecturar sobre ambas presentes aqui neste exato momento, quando ao escrever o que penso, desfaço-me das palavras matando-as dentro de mim, e dando-as à vida para que ganhem o espaço...pense, lindeza di eu. muahhhhhhhh
A única certeza da vida é a morte... mesmo que só um pouquinho e às vezes.
Te linkei, espero que não se incomode.
Morrer por alguns segundos. por horas. ou dias. morremos como forma de ser fugitivos momentâneos. mas depois o despertador toca. a vida chama. e vivemos.os momentos mais imprevisiveis e inesperados....e isso faz com que por alguns minutos tudo valha a pena...
Obrigada pela visita e pelo comentário! Beijos
Camilla,
A gente morre pra voltar melhor ou pior. Como em dia de ressaca. Morrer todo dia e viver mais. Você tem uma raivinha boa quando escreve. Eu adoro.
Letícia
a morte é sempre algo triste, por mais clichê q se possa ser, mas as vezes a vida é clichê... e não há outra explicação... obrigado pela visita... beijos
Morrer é viver.
Mais abraços.
Germano
A gente se acostuma a morrer... Daí tem dia que a gente não morre e quer morrer...
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