Do meio pro fim. Inédita comiseração. Inesperada inércia. Cada dia de vento traz a ausência. Cada olhar de longe, o lamento. Um quê blasé de batom vermelho.
Comprei uma bota que não posso usar, pensei palavras que não consigo lembrar. Dormi um sono tolo. Sonhei, mas esqueci. Acordei sem vontade de brigar porque a noite foi clara. Me disseram que pareço mais nova e eu fingi acreditar. Tolice! Meu tempo está passando. Joguei jogos de perder e uma estrela me contou que ganharia. Errou. Estrela boba, chata e feia.
Respirei amor dos outros. Nenhum era meu. O que é meu está guardado e tão bem guardado que não posso achar. Me deixo enganar por formas geométricas que brincam de mudar e eu vou mexendo sem nem tocar.
Me repito. Peço, imploro, rezo, oro, faço vodus pra esperança cega me abençoar. Nenhum deus me ouve.
Me repito. Peço, imploro, rezo, oro, faço vodus pra esperança cega me abençoar. Nenhum deus me ouve.
13 comentários:
"... e tão bem guardado que não posso achar." Quantas vezes ja não sentimos isso?...
beijinhos
gênia! gênia!! foda, sonoro... e comiseravelmente humano
é difícil ser humano... se a rotina do espelho é o oposto, a rotina do anjo é o desgosto
mó da hora fazer 3d nessa imagem... as estrelas ficam muito corajosas
Muito bom, verdadeiro e como disse o ricardo "comiseravelmente humano". Mas, ao mesmo tempo, há um bom humor no que você diz.
Visitando pela primeira vez!
Verdadeiro,humano, muito bom mesmo.
Gostei.
beijooo.
este velho e bom pessimismo Tebetiano que vai sufocando até quem apenas lê. e no fim do arco-íris tem um pote com um tesouro amarelo, Tebet. eu aposto nisso. carta que jogo. é só não medar e cair tombado numa pedra e seu caminho.
um carinho.
'respirei amor dos outros. nenhum era meu. o que é meu está guardado e tão bem guardado que não posso achar'.
ando respirando o amor alheio também. roubo sorriso dos rostos das pessoas... não consigo lembrar onde guardei meu amor da última vez que usei. acho que joguei fora e não consigo mais recuperá-lo.
andam mentindo para mim...
também grito e ninguém me ouve!
Eu agora só quero o que é meu... e quero com força e pego com a mão.
Gosto do texto.
Bjs
minha estrela está a perigo...mas quem se jogou fui eu.
enfim...
uma estrela tem q ser uma estrela afinal...como um coração.
=)
já fiz tantos barulhos. pensei que ninguém me ouvia também. mas eu estava enganada. me ouvia e me olhava. era assim. esperou eu quebrar coisas. bater portas. gritar. e espernar. depois me perguntou se já estava tudo bem. acredita. coisa de doido.
coisa minha!
Beijo Cá!
Este texto é a sorte e esperança, a verdade e a mentira, no espelho, sobre a causa de que deuses não ouvem quando se é humano, coisas que deixam agente confuso mesmo, mas o tempo passa. O grito é coisa de distância. O Blog mudou, e eu gostei das mudanças :P, Camilla e sua apatia afiada, mudando tudo :).
Beijos,
Alex.
O que é seu, o que é meu, o que é nosso... Está tudo bem guardado, mas tenho a impressão que eles estão prestes a submergir, a procurar por nós também....
Adorei, como sempre.
Beijo grande!
Mas Calíope ouviu você. E talvez outro deus comum que more perto. Quem escreve não fica sozinho, Camilla. E pode comprar botas e amar amor dos outros. No texto, tudo é seu.
Outros bjs.
O que é seu tá guardado? Por quem? Se não for por você então a pessoa que está guardando está cometendo o crime de apropriação idébita, isso olhando com bons olhos.
Deixando a brincadeira de lado, quero dizer que você escreveu um belíssimo e pungente lamento. Desses que deveriam virar música na mão do Pink Floyd para ser ouvida com uma boa cerveja num final de tarde.
Bjs.
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