quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Eu no ritmo dele




Ele chega de surpresa, toca a campainha e vai entrando. Ô de casa, estou chegando. Me pega no meio de coisas absurdas, vestida sem o menor estilo. Me beija rápido, serve-se de água e olha a janela. Vai falando, falando, do dente do ciso, do livro que comprou,d a padaria nova que abriu perto de casa, do futuro emprego, o do alto salário, do antigo emprego, onde brigava por causa do salário, da ex-namorada argentina. E ah, o trânsito está um caos. Levei horas para chegar aqui! Senta no sofá, cruza as pernas, sorri. Sorri e seus olhos brilham e eu, disfarçadamente, passeio pelo seu sorriso e vejo como é bom. Sinto vergonha quando ele pergunta o que estou olhando. Coloco um CD e ele mexe nos cabelos, começa a cantar e diz que adora esta música. Pego uma garrafa de vinho, sirvo e ele bebe, ri e fala do último livro que leu e eu mal presto a atenção. Fico sem fôlego, pernas bambas, tensa, quero agarrá-lo, seu sorriso desvendado. Disfarço, fico tímida, não sei como fazê-lo, nem sei se devo. Tento lembrar da distância. Tosses! Faço gestos longos, sedutores e ele me pergunta se estou passando bem. Levanto, troco o CD e sirvo mais uma taça de vinho e ele bebe, ri, fala e conta do último filme que viu e eu tento me aproximar. Mais perto, talvez um abraço. Eu o desejo. Está esperando minha iniciativa, ou nada disso, pura inocência ou covardia mútua. Paixão travada. Uma garrafa de vinho que jorra e eu não consigo tocá-lo. Quero beijá-lo, mordê-lo, mas fico sem graça. Desejos! Tremendo e ele toma outro gole. Vai até a janela e reclama que vai chover e eu me aproximo. Preciso abraçá-lo e dizer muito, mas tudo emperra, reclamo da chuva e ele se vira, perto, bem perto, dá uma pausa, fica sério e diz, bem baixinho, que meu sorriso é bonito. Ele pega a carteira, vai para a porta e eu vou atrás, quase despencando. Recebo um beijo superficial e espero a porta se fechar para voltar a fazer coisas absurdas,sem o menor estilo. Talvez na próxima.

20 comentários:

Vivian disse...

...aimeudeusdocéu!!!

desse jeito vai morrer sem ver
a corda coisa!!!

depois fica chorando pelos cantos.

corre atrás dele, owwwwwwwwwww

corre e tasca-lhe um bj de meia hora, procê vê o que acontece.



te amo

Adriana Gehlen disse...

polamor de deus que eu senti tudo agora lendo isso.
muito bom!
deu vontade ... ando muito fogosa. credo.

:.tossan® disse...

Não sei o que dizer... Ah pede biss. Boa narrativa. Bj

Dauri Batisti disse...

O problema é quando tudo emperra por uma bobagem...
Muito bem escrito, muito bom.
Beijo.

gab disse...

=)

(a cara q eu fiquei lendo...)

=D

Jaqueline Lima disse...

e um beijo superficial. marca a partida dele. na verdade. é ele quem marca. você. de um jeito só dele. e ninguém faz. nada. a vontade fica travada. meio sem graça. não. não. vai átras dele. e não diz nada. apenas beije-o.


Beijos moça!

Janaina Fainer disse...

bom ler vc

Vivian disse...

...se é saudades,
resolvido então.

tô aqui deixando meu coração
de amiga, embrulhadinho
em laços de ternura à
essa jóia rara que é você!

smackssss

Letícia disse...

Sinceramente, tem um demônio bom que vive em você. Texto de ter vontade e paixão que faz tremer. Seu estilo é único. E admito. Eu adoro.

E a Amy Winehouse canta o que você escreve.

Bjaços.

Se cuida, writer.

Dauri Batisti disse...

Passei aqui de novo, mas você não atualizou. Pena. Rsrs.

Anônimo disse...

Oportunidades assim... não deixe a próxima passar (rs).

Muito bem escrito, num estilo agradável de se ler. Gostei!

Fica um raio de luar brincando nos teus sonhos e um beijo no coração!

Fábio disse...

belo texto, covardia mutua atrapalha muita coisa =~

João Neto disse...

Tão bom que até me senti na narrativa. Parecia eu, ali, falando sem parar para disfarçar a timidez. Puxa! Quantas chances desperdicei? Viu o que você fez? Vou passar o resto do dia remoendo histórias mal-acabadas! KKKKKK! Bjos!

Calu Baroncelli disse...

a espera cansa. A cara-de-pau alcança.
A timidez é dança...
mas o medo! ah! o medo, é lança.

p.s.: incrível como às vezes me sinto tão dentro dos teus contos.

Narradora disse...

Nossa, tava aqui pensando quantas vezes já fui cada um dos dois... querendo e travada de formas diferentes...
A parte "do perto, bem perto", caramba!!! kkk
Como sempre muito bom.
Bjs

aluaeasestrelas disse...

Ai, ficar na vontade é horrível... Por isso, melhor pecar pela tentativa que pela frustração de não ter feito algo...

Beijos, estava com saudades de vir aqui... Ah, o novo visual do blog ficou show!!!

Verônica Cobas disse...

Já te disse por aqui que esse papo de arrepedimento eu não consigo realizar. Sempre encontro uma maneira de me salvar dessa "culpa", nem que seja construíndo uma argumentação delirante mas plausível. Adorei o texto, o clima, a sedução expressa de forma tão deliciosamente sutil e quente....mas - ao contrário dos muitos comentários por aqui - era prá ser assim. Seja na ficcão real ou na realidade fantasiosa. No próximo encontro não só "ela" estará sedenta, mas "ele", enfim, vai demonstrar vida. E viver. Porque, numa interpretação muito pessoal, "ela" não deixou de sinalizar suas janelas abertas o tempo todo. Quem não viu foi "ele".

bjim. Veronica

Anônimo disse...

Sem nova postagem, deixo-te um raio de luar brincando nos teus sonhos.

Anônimo disse...

Menina, já fui de ficar no quase, já fui de me lançar ao fogo. E o fogo é bom... ;)

Ricardo Jung disse...

este é O texto de uma capricorniana, levada até o ínfimo de sua essência

que a gente se queira, se ame, se suja e se abandone amém

enfim, eres tu, eres tu