O problema é que as horas passam. As idéias mudam, a cabeça fica e o corpo padece. O sentido já perde o sentido. Nada mais é tão querido. A duração ou o tamanho do amor acabam com o conceito dele mesmo. Então tudo vira uma música que tem começo, quando estranhamos o som , o meio, quando nos deixamos levar pela emoção da melodia e o final, quando ela apenas acaba. E depois o silêncio. A escolha de outra música. O cuidado com o repertório. O que ainda faz parte de mim?O que ainda meus ouvidos querem? Que frutas faltam na minha cesta? Penso nas cores, nos sabores e nos cheiros, básica assim, me livro de mim mais um pouco e sou rudimentar como madeira que rachou. Penso em elementos que me deixem sentada na grama, com o pé na terra e a cabeça na chuva. Assim repito a música. É também uma escolha. Por que não ouvir tudo de novo? E de novo.. e de novo. E mais uma vez, até cansar os ouvidos e tentar dormir rezando pro silêncio não ser notado.
As estações que mudam, meus hormônios, minha pele e meu cabelo. Eles caem às vezes. De vezes em vezes. E eu assisto, passiva, a bandeja das minhas limitações ser servida a quem quiser se fartar. Bêbados fazem comentários quebrados e cheios de vírgulas. Como entender o outro fosse tarefa de bandeja. Mas cá dentro estou sentada na terra com a cabeça na chuva, que cai quando quer e sem aviso. Vem de surpresa e eu comemoro que ainda posso me molhar. Vivas.
sábado, 11 de junho de 2011
Molhada
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4 comentários:
E não é que vc voltou assim, neste silencio de chuva, estava com saudades. Abraços de seu fã de sempre,
Alex
Que inspiração! Lindo ver fluir tanta criatividade e emoção. Beijo.
Seus textos me fazem refletir e pouca coisa dá mais prazer que isso... Bjs.
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