segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

E eu me desliguei daquilo. Sabendo que bastaria pensar que aquilo não era mais meu. Dissocia-lo de todo resto que tinha como meu. Me desliguei como chocolate que comprei para mim, mas que com a barriga cheia resolvi dar para alguém. E alguém aceita, mas deixa guardado para comer depois. Pois é assim, guardamos chocolates para comer depois. Assim adiamos o doce. E eu me desliguei daquilo para ficar sem sentir nada. Nada de estranho. Coisa pequena, dessas que ocupa pouco espaço na mente e rende várias linhas. Linhas das quais eu já tinha me despedido. Linhas de fumaça que parecem que eu não vejo. São batidas no teclado que imploram que a chuva volte. E eu continuo a repetir palavras, principalmente agora que elas me são parcas. Palavras que me faltam. Vocês me fazem falta. E lá fora chove como nunca choveu antes. Pelo menos eu não vi. As pessoas correm, os carros alagam e eu me desliguei do chocolate que está na geladeira, como quem se desliga de uma pessoa. Foi nesse tom. Sem música. Assim, frases pequenas eu tenho.

22 comentários:

Fabi disse...

Queria ter o poder de me desligar assim de sentimentos, de pessoas....
Mas ainda não cheguei nesse estágio.. pena!

Fabi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Letícia disse...

Você escreve e eu leio - e sei das fases. Tenho muitas também.

Olha, essa de dar algo como se fosse um chocolate e a parte em que diz "Guardamos chocolate para comer depois". Eu vi tanta coisa que nem cabe num comentário. Você se esconde e volta mais forte e sábia. Lembrei da Zélia Duncan dizendo "vou apagar você do meu dicionário" ou algo do tipo. E você dizer que sente falta das palavras como se falasse com elas, olhando na cara delas. É bom demais, Camilla.

Beijos.

Jaqueline Lima disse...

é assim mesmo que a gente faz. deixe o chocolate guardado, porque tá com a barriga cheia. num é que a gente esquece. só o afasta por algu tempo. mas depois a gente abri a geladeira, e aquele doce faz bem. senão a gente procura um outro chocolate no bar da esquina, nas prateleiras de supermercado. Como a Letícia disse, são as fases que vivemos, e precisamos ter.

Já estava com saudades de vocÊ!!!

Beijos, e continue criando linhas, que nos trazem as belas histórias, que só você pode contar.

Adriana Gehlen disse...

tão ruim quando as palavras nos faltam, mesmo que pra escrve-las, pior pra fala-las.
:/

Anônimo disse...

Seja benvinda de volta, menina, mas , NÃO VÁ EMBORA NUNCA MAIS. V. diz que as palavras te faltam!!!! Mentira, suas palavras são vaidosas, coquetes e fofoqueiras. Elas estão aí, assim como voce, desesperadas prá sair, se mostrar, encantar, escandalizar. Montar seus textos com encontros, desencontros, sins e nãos. Não importa quão fortes sejam seus sentimentos de dor ou prazer, voce não tem o direito de escondê-las de nós, de privar-nos de sua literatura de encanto. Aliás, no monento em que voce se senta diante da telinha, o que voce escrever se transforma em magia. Vira teatro de voce mesma. Continue atuando, garota e não se esqueça, estamos aqui prá aplaudí-la.
Abraços.

Germano Viana Xavier disse...

Então vai buscar o elefante de Drummond, Tebet.

Um carinho.
Continuemos...

Anônimo disse...

Bom voltar a te ler... só não se desligue da maneira linda como desenha sensações em palavras... beijos

JULIANA disse...

Oi querida! que saudades das suas palavras... hoje vim te visitar! assim do nada, e ter o poder de se desconectar de algo ou alguém é fascinante! que bom que conseguiu!!!!
Depois venha me visitar! esse é meu blog de histórias http://ana-anass.blogspot.com/
bjs!

Débora Böttcher disse...

Isso temos em comum: o gostar de chocolate gelado. :) Mas desligar-se de sentimentos, gostaria que fosse possível pra mim. Numa outra vida, espero vir com um botão de OFF de fabricação. :)
Super beijo.

Luciana Cecchini disse...

As palavras estão aí, posso ve-las. Elas apenas são. Simples assim. O chocolate é irresistível. Eu, vc sabe, não o guardaria pra depois. E olha, não precisa ter fome para saboreá-lo. É um grande prazer. Permita-se vive-lo e saboreie-o em cada vogal.
Essa é vc.
Bjo, Luciana

Lá Cociuffo disse...

Penso, quase todos os dias, que desligar-se é quase menos dolorido do que continuar dependente, mas alguns vícios não nos abandonam nunca, como o tal do chocolate que devoramos, mesmo quando é amargo e mesmo quando o comemos fora de hora.

Narradora disse...

Adiar... vinha fazendo isso, tanto o doce quanto o amargo (acho que mais esse último).
As palavras são bicho de doma difícil mesmo, e as vezes a vida vivida vem tão intensa que falta energia pra lidar com elas...Mas fico muito feliz que você tenha escrito.
Bjs

Germano Viana Xavier disse...

Passando e relendo, Tebet.

Deixo um carinho sincero.
Continuemos...

Assim que sou disse...

Olá, Camila...

Que bom te ver por aqui! Melhor ainda poder te dizer que as palavras jamais nos faltam. Elas estão todas ali, talvez num outro universo, talvez numa outra forma de expressão. Você é tão densa....isso é tão cristalino, apesar dos quilometros e quilometros que, certamente, nos separam. Chocolate é bom, mas nem é a melhor comida do mundo. Ele pode ficar guardado. Tém até um prazo de validade bem largo. Não tenha pressa; volte sem açodamento. As palavras e sua imensa emoção estão à sua volta. É uma questão apenas de encaixe, de momento, de estímulo, de descanso, de vontade e de prazer. Elas voltam. Sempre voltam.
Vou esperar por aqui. E hoje ainda quero te fazer um convite. Gostaria muito que você lesse a crônica de estréia que escrevi no outro blog do qual participo. É um espaço de criação livre nas mais variadas áreas. Estou escrevendo crônicas e outras coisas por lá. Leia e me deixe seu comentário. É o www.criativesse.blogspot.com

bjsssss. Verônica

Anônimo disse...

Camila, minha linda, passeando pelo teu blog notei que andaste ausente, com postagens espaçadas.

Eu também vivi um prolongado período de ausência, mas já estou de volta, não mais no CARTAS, mas num novo cantinho: http://meirelesbeatriz.blogs.sapo.pt, continuando a falar sobre as coisas do coração, e onde espero merecer o prazer de tuas visitas.

É bom estar de volta, amiga, é bom estar aqui, pois adoro teus textos que me levam a admirar cada vez mais o teu jeito de colocar sentimentos e emoções de uma forma tão poética. Não há porque 'desculpar a menina', pois ela continua sabendo como escrever. A postagem sobre cada um tem o que merece, acredite, tocou-me profundamente. Uma das tuas páginas mais significativas. Enfim, meu anjo, continuas a me encantar com teus escritos.

Te deixo minha saudade num carinhoso beijo no coração.

Germano Viana Xavier disse...

Bom ter você de volta, Tebet.

Um carinho.
Continuemos...

Verônica Cobas disse...

Sei que continuas ausente. Mas presente nas eventuais leituras. Então passei por aqui para dizer que adorei sua visita ao Criative-se. Volte sempre...se preferir, às sextas, que é quando minha crônica entra no ar. A dessa semana - não podia ser diferente - é sobre carnaval. Talvez você não aaiba isso de mim, mas adoro carnaval.
E também para dizer que acho bom e tantas vezes busco o olhar infantil, pueril, maniqueísta. Outras vezes, esse olhar me impõe surpresas nem sempre boas. Enfim...viver...com suas agruras e bons sentimentos. bjsss

Débora Böttcher disse...

É assim mesmo que as coisas são. E que a gente faz - e sente...
Um beijo pra vc.

israel disse...

se desligar de algumas coisas as vezes e o melhor a se fazer...

belo texto moça!!

bjo!

João Neto disse...

Você tem frases pequenas, mas que sempre dizem muito. Tava numa saudade doida para te ler. Matei só um pouquinho. Quero mais.

Cla disse...

É...às vezes a gente desliga de algo pra se ligar pra outras coisas.Mas todo desligamento,por mais que seja feito de forma assim tão direta,dói.Espero que a dor não ocupe muito os teus dias! =)
Atualize mais!hehe